sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Crianças latinas










"Quando cai a noite sobre os Andes
Vem a luz de mil estrelas pra velar
Pelo sorriso adormecido das crianças
Filhas pequeninas
De um resto de esperança
Da América Latina
Cuja sina
É lutar por liberdade
Desde as cordilheiras,
Por sobre as planícies,
Das asas do condor
Por pantanais e planalto,
Nos campos, favelas, sertões
Do asfalto, a semente
No grito da gente calado no peito
Contido e demente
Rompendo os grilhões da corrente,
Rasgando a mortalha, joagada no ar
Durmam, hermanos, ao som das estrelas cadentes
E sonhem que, um dia, será diferente"

domingo, 19 de outubro de 2008

Sentimental

Pelo quarto só alguns retratos rasgados dela, o quanto eu me avisei que isso não ia dar em nada, porem nunca dei motivos pra eventuais mudanças em meus dia-a-dia corriqueiros e felizes até então. No final fui burro em não prestar atenção em seus gestos e rostos que de alguma forma hoje me vendo fora de certas situações me parecem um tanto claras, um tanto lógicas.

Escuto-a falar de como as coisas aconteceram pra ela e nada me faz entender como as coisas mudaram de repente, deixando tantos planos assim sem rumo. O quadro dela que mandei pintar ainda está no mesmo lugar, é uma flor amarela com muitas pétalas sobrepostas parece uma rosa e lá no meio se prestares bastante atenção está ela e seu sorriso maravilhoso que tantas vezes alegrou meu dia e em outros...nem tanto, talvez essa seja a única coisa que ainda tenha sobrado inteira dessa aventura amorosa.

Agora eu fico aqui chorando que nem um babaca. Musicas que antes eu achava ridícula agora me trazem um certo tom de conforto: Sentimental eu sou/ Eu sou demais/ Eu sei que sou assim/ Porque assim ela me faz/ As músicas que eu/ Vivo a cantar/ Tem o sabor igual/ Por isso é que se diz/ Como ele é sentimental/ Romântico é sonhar/ E eu sonho assim/ Cantando estas canções/ Prá quem ama igual a mim/ E quem achar alguém/ Como eu achei/ Verá que é natural/ Ficar como eu fiquei/ Cada vez mais sentimental.

- abaixa esse som!- gritei pra um vizinho louco que escutava essa musica as alturas, ele me ignorou ou talvez nem tenha escutado tamanha era altura do som, então como diria o velho ditado “se o estupro é inevitável em tão relaxa e goza”, peguei uma garrafa de cachaça que anos andava esquecida e me embriaguei ao som de Altemar Dutra. O choro foi inevitável em pouco tempo via meu rosto molhado por lagrimas e as lembranças vinham fáceis a minha cabeça enquanto escrevia esse texto sentado olhando um quadro amarelo transfigurado pela bebida.